Meu sexto dia


Querida amiga,
Estava aprendendo coisas muito importantes com aquele meu novo e misterioso amigo e cliente. Sim, eu já começava a considerar o cliente como meu amigo, pois era por conhecê-lo cada vez melhor que ia percebendo as falhas em meu atendimento. Mas ainda faltava muito para eu tirar diploma em atendimento, se é que alguém consegue chegar a tanto. Eu já nem sentia mais raiva de quando o telefone tocava. Verdade! Passei a pensar assim: “Nossa! Como sou importante! A toda hora tem alguém querendo falar comigo!”. E enquanto pensava o telefone tocou.
*****


-- Consultório do Doutor Perônio, às suas ordens.
-- Que beleza, está cada vez melhor. Isto significa que está aprendendo.
-- Aprendendo, eu? Ora, tinha muita coisa que eu já sabia...
-- Olha aí o orgulho de novo. Você já se deu conta de que essa atitude é altamente destrutiva em qualquer profissão? Quem pensa que sabe tudo ainda nem aprendeu como aprender.
-- Aprender como aprender?!
-- Exato. Muita gente pensa que aprender é encher a cabeça com um monte de informações, regras, fórmulas... Isso até papagaio faz. Aprender não é isso. Aprender é saber como aplicar o conhecimento a cada situação ou necessidade. Aliás, é este o significado da palavra atitude: transformar em ação o que você aprendeu.
-- Ah! Já entendi. Mas, e o diploma? Aprender não é fazer um curso e tirar um diploma, um certificado?
-- Não, o certificado ou diploma é apenas um atestado de uma etapa cumprida. Deixe-me explicar melhor. Você já viu como os médicos estão sempre frequentando cursos, simpósios, congressos...
-- É, o doutor Perônio vai sempre. Mas não é por causa do coquetel?
-- Não, Laura, não é. Na medicina as coisas mudam todos os dias. Novos medicamentos são inventados, novas técnicas de cura descobertas, novos procedimentos cirúrgicos... se o médico parar de acompanhar as novidades ele fica desatualizado. Obsoleto como sapato velho.
-- Mas não são os sapatos velhos os mais confortáveis?
-- Os furados?
-- Ah, é, furados não servem. Já entendi o que você quis dizer.
-- Observe a nossa conversa. Ela está servindo como um curso de atendimento para você. Mas é preciso saber aproveitar o que eu ensino. Primeiro, reconhecendo que você sempre tem algo novo para aprender. Segundo, colocando em prática o que aprende. Terceiro, aprendendo sempre mais...
-- Quero mais.
-- O que disse?
-- Quero aprender mais. Sempre, sempre, sempre mais!
-- Puxa, que bom ouvir isso. A melhor forma de se aprender é querer. Vou anotar em minha memória esse seu desejo e volto a ligar assim que der para conversarmos mais, ok? Por enquanto, vamos parar por aqui. Tchau.
-- Tchau.
*****
Que coisa gostosa é aprender! O tal de cliente estava sendo ótimo e tinha ainda um montão de coisas novas para me ensinar. A cada lição eu percebia que minha voz ficava mais doce, meus gestos mais charmosos, e dava para ver no espelho que meu olhar estava mais brilhante. Seriam as aulas de atendimento? Não, nenhum curso de atendimento faz os olhos brilharem, o coração palpitar e a voz embargar. Só podia ser... amor? Mas como poderia ser se eu nem conhecia direito o rapaz? Talvez eu estivesse descobrindo o amor pela profissão e a paixão de procurar ser a melhor naquilo que faço. Você não acredita nisso, não é? Nem eu. Mas por enquanto vamos fazer de conta que eu estava apaixonada por atender bem. Se meu amigo perguntasse, esta seria a resposta politicamente correta que eu daria.
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