Meu terceiro dia

Querida amiga,
Naquele final de semana li e reli um milhão de vezes o e-mail de meu misterioso amigo. Muito fofo ele, não acha? A segunda-feira chegou e você nem imagina como eu estava inquieta. Passei o sábado e o domingo pensando naquela voz misteriosa e sonhando. Aproveitei para fazer a unha em casa e no início até estranhei a recepção sem barulhinho de lixa e cheiro de acetona. Parecia que a conversa com o cliente misterioso tinha me convencido um pouquinho de que atendimento era coisa séria. Então o telefone tocou e achei melhor esquecer aquele truquezinho de deixar o infeliz... digo, o cliente esperando.
*****
-- Consultório do Doutor Perônio às suas ordens!
-- Sou eu novamente.
-- Aaaahhh... que bom que você ligou...
-- Como disse?
-- Ãhnnn..., quero dizer, que bom que o senhor ligou. É sempre bom poder ouvir a voz de nossos clientes.
-- Ah! Sim. Está muito ocupada?
-- Nem tanto. Quer conversar?
-- Não exatamente. Acontece que me propus a ajudá-la corrigir as falhas no atendimento que identifiquei da primeira vez que conversamos. Você não se importa, não é?
-- Claro que não. É sempre um prazer aprender.
-- Da primeira vez que liguei você estava fazendo as unhas, cuidando da aparência. Isso é muito importante.
-- Ué, pensei que você tivesse achado errado o que eu estava fazendo, por isso deixei tudo em casa.
-- Digamos que você estava certa e errada ao mesmo tempo. Certa por estar preocupada com a boa aparência. Errada por cuidar disso no ambiente de trabalho. É importante chegarmos prontos para o trabalho. Sua aparência faz parte de seu marketing pessoal.
-- Marketing pessoal?! O que é isso? Êpa! Quase engoli o chiclete! Espere um pouco que vou ali cuspir no vaso da planta. Pfft! Pronto! Pode falar.
-- Marketing pessoal é tudo o que você faz para expor suas qualidades, valorizar suas habilidades e vender suas competências. Cuidar bem de sua imagem é importante. Por exemplo, fumar ou mascar chicletes enquanto atende seus clientes é péssimo para sua imagem. Cuspir no vaso, pior ainda.
-- Nossa! Acho que dei outro fora! Pelo menos valeu só de ouvir você explicar bonito para quê serve o marketing pessoal. Mas marketing não é coisa para vender produtos, como sabão em pó?
-- Também. Mas seu trabalho é seu produto e você é a embalagem. Não é pelo seu trabalho que você ganha? Pois é, as pessoas estão comprando seu trabalho, que é seu produto. E a embalagem que leva esse produto é a sua pessoa, seu jeito de ser, sua aparência, modo de falar, sua simpatia.
-- Obrigada...
-- Como assim “obrigada”? Não entendi.
-- Você falou de minha simpatia.
-- Ah! Agora entendi. Bom, acho que já chega por hoje. Ligo para você outra hora. Mais uma vez: não tome isso como um bate-papo. Estamos trabalhando. Eu ensinando o que sei e você aprendendo técnicas para melhorar seu marketing pessoal e seu atendimento.
-- Hã-hã. Entendi. A gente conversa depois.
-- Está bem. Tchau e um bom dia para você.
-- Tchau!
*****
Menina, eu me sentia como se estivesse flutuando! Nunca ninguém me deu tanta atenção, pelo menos ninguém tão simpático. Depois de um tratamento assim passei a sentir na pele o poder de um bom atendimento. Fiquei encantada com a maneira gentil como o cliente estava me tratando, apesar de toda a confusão que armei por causa da acetona em nossa primeira conversa. E ainda fui dar um fora com essa do chiclete! Acho que aprendi a lição de que não devo me envolver com os clientes, mas gentileza é algo irresistível. Encanta, conquista, aquece o coração. Seria impressão minha ou eu estava sentindo meus olhos vidrados, como se estivesse fitando o infinito? Já estava ficando ansiosa... Quando será que o cliente atencioso voltaria a ligar?

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